quinta-feira, 24 de março de 2011

ÀS TURMAS DO ANO LETIVO DE 2013-14 (Escola Secundária Dr. J. G. Ferreira Alves)






fotografia de J. Benoliel

É incrível como todos os anos sempre mais alguém chega até aos meus poemas, e muitas vezes levado pela mão de uma regateira da velha Lisboa.

"Como estão? Se me ajudassem com esta giga?! Venham atrás de mim, é o ar e a luz do século XIX, o ar e a luz de sempre...".


Proposta de trabalho (Deixar um comentário)

Propomos-te que nos fales das tuas primeiras impressões acerca da poesia de Cesário Verde.







50 comentários:

  1. Por ter iniciado o estudo deste poeta/
    Há coisa de dois dias/
    Perdoem a minha falta de palavras/
    Se não, melhor o descreveria.//

    Parece-me interessante/
    Com uma tendência para a inovação/
    Tem uma escrita elegante/
    E era dotado de atenção.//

    Como vi em "um bairro moderno"/
    Faz comparações inesperadas/
    Que anotei no meu caderno/
    Por serem tão engraçadas.//

    Passando do saco para a bacia/
    O blogue está bastante apelativo/
    E hoje que está um belo dia/
    E decidi por a minha poesia no activo.//

    O poema foi feito pelo Pepe/
    Que fala de si na 3ª pessoa/
    E escreveria mais se não fosse o teste/
    No qual quer tirar uma nota boa.//
    Por isso, gentilmente me vou embora para ir estudar mais uma hora.
    (nota: a expressão "mudar do saco para a bacia" é uma expressão brasileira, disse-mo a minha mãe)

    Pepe, 11ºA Nº9

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  2. Pelo recente estudo, que iniciei há pouco tempo sobre Cesário Verde, posso constatar que, antes de se focar numa situação particular, o poeta dá-nos uma visão geral do ambiente; e que a observação das situações do quotidiano é o ponto de partida para os seus poemas. Como utiliza a associação de sensações (sinestesia), o poeta transmite-nos a sua visão impressionista da realidade). Assim, a descrição é impressionista e o poeta associa o seu estado psicológico aos elementos descritos. Retrata e analisa o mundo real, rotineiro, servindo de suporte às ideias e aos seus sentimentos. Sou da opinião que Cesário Verde demonstrou que a poesia anda espalhada pelos seres e pelas coisas que, habitualmente, são consideradas descaracterizadas. Penso que este poeta desceu conscientemente ao concreto com o seu talento de reportagem artística. Ele passa da particularização da observação para a transfiguração da realidade.
    E esta é uma primeira impressão de uma simples aluna do 11ºA
    Daniela Monteiro, nrº27

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  3. Foi por volta das "dez horas da manhã", ainda não completamente acordada, que me deparei com o primeiro poema deste artista, pelas paisagens de um "bairro moderno". Este, tal como muitos outros poemas, transmite sensações (visuais, olfactivas...), mas traz-nos algo de transcendente ao tempo. Não sei se será pelo seu estilo tão raro e próprio (e por vezes tão mal entendido na sua época) ou pelo seu à vontade no uso das palavras simples, nas comparações com referências quotidianas e na sua imensa tela de cores que pinta através das suas estrofes.
    "Ser poeta é ser mais alto, é ser maior" e sem dúvida que Cesário Verde o era, pois creio que toda esta vastidão de "normalidade" (frutas, vegetais, regateira, paisagens...) é, não apenas uma junção de todas as coisas às quais deveríamos prestar mais atenção - pois certamente nos iriam surpreender -, mas também uma combinação, propositada, dos símbolos puramente imaginativos com outros tão realistas.
    Luciana 11ºA nº14

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  4. Durante todo o nosso percurso académico, fomos estudando poesia de varios autores, poetas ou de simplesmente pessoas que pensam que sabem juntar palavras com sons parecidos, formando um poema.
    Cesário Verde foi um dos autores mais inadaptados da sua época, visto que parte da sua poesia apenas foi reconhecida muitos anos após a sua morte, sendo assim um poeta mal interpretado por quem lia e reflectia, na época, sobre a sua escrita. Tal não retira qualidades aos seus poemas; a sua maneira de ver o mundo com as suas cores e formas revela um mundo intenso, realista e impressionista, tal como é próprio de um artista em plena flor da idade, apesar da sua aparência externa franzina e doente.
    Valter Vale 11ºA

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    1. Após a leitura do poema "Num Bairro Moderno", consegui captar algumas ideias sobre a poesia de Cesário Verde. Além da grande e poderosa descrição do poeta, deparo-me com um grande encontro entre duas classes sociais. Penso que o poeta joga com o estilo de vida da cidade e com o estilo de vida do campo, apresentando algumas diferenças e virtudes.
      Cesário Verde também dá uma sugestão de um grande realismo, tal como se tivesse escrito os poemas exatamente no tempo e espaço onde a ação decorre.
      Assim termino a minha primeira impressão sobre a poesia do poeta Cesário Verde.

      José Vieira nº19 12ºB

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    1. O poema "Num bairro moderno" retrata um dos temas mais presentes na poesia de Cesário Verde - a deambulação do dia-a-dia. Desta forma, Cesário descreve a cidade de Lisboa, recorrendo à mais pormenorizada descrição, através de recursos estilísticos, nomeadamente a adjetivação, a sinestesia e a hipálage, nos quais impregna um traço realista. O "olhar" ou as impressões visuais ocupam, portanto, uma especial importância neste poema. "Num bairro moderno" resulta também numa crítica social aos tempos vividos naquela altura em ambiente urbano.


      Rodrigo Moura 12ºD

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    1. Foi a partir do poema "Num bairro moderno" que fui confrontado com um estilo de poesia completamente diferente daquele a que até hoje tinha estado habituado. Cesário Verde contraria a noção popular de que a poesia tem de estar focada no mundo interior, nos sentimentos, e traz-nos um poema concentrado no mundo externo, no real e na sua descrição.
      Porém, mais do que essa descrição, Cesário Verde deixa passar a sua própria impressão do real, transmitindo ao leitor as suas sensações. Esta combinação de estilos lembra Eça de Queiroz, mas, ao contrário dele, Cesário não parece focar-se tanto na crítica à sociedade como Eça fazia, mas pretende sobretudo elogiar e reconhecer o valor das pessoas que na sua época pudessem ser desprezadas pela sociedade.

      João Stuart 12ºB nº18

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    1. Cesário Verde dá-me a entender que era um artista que na altura se debatia com a sua própria criatividade e inovação, sendo mal interpretado, talvez pela sua condição de pioneiro, pelos seus modos de visionário, numa escrita poética em que não trai as suas inspirações, não esconde, não tenta esculpir o que vê para ser algo mais prazenteiro ao leitor, mas cinge-se, isso sim,ao real. Em vez de transportar as pessoas para um mundo imaginário em que tudo é mais belo e fantasista, faz com que quem lê se encontre num mundo tão real como aquele em que ele (Cesário Verde) viveu, pregando-o ao chão da realidade, mas mostrando como esta também tem o seu encanto. Escrita sem disfarces.

      Mafalda 12ºD nº9

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    1. Após ter o primeiro contacto com a obra de Cesário Verde, e após uma breve análise de “Num bairro moderno”, posso dizer que este é um poeta bastante descritivo acerca do que o rodeia- daí, talvez, o ser considerado "realista".
      Este é um poeta muito minucioso no que descreve, enche de sensações o que vê e transborda o poema com a sua visão imaginativa, como se de um artista ou pintor se tratasse (“descrevia uma cabeça numa melancia…e os nabos – ossos nus, da cor do leite”), o que faz dele um analisador nato. Vê o pormenor naquele bairro e na rapariga, sente tudo à sua volta como se as sensações tivessem o dobro da magnitude. Os seus poemas têm um ritmo agradável, não são lentos, mas sim ligeiramente acelerados, fazendo-se pausas aqui e ali, permitindo que o leitor reflita. Apesar de não conhecer nem gostar muito de poesia em geral, considero a sua obra bastante interessante, pois “alimenta” a nossa imaginação ao ser tão descritiva (e não sendo, no entanto, entediante). É uma escrita sensível.

      Dulce 12ºD nº7

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    1. Cesário Verde introduz-nos a uma poesia realista, que tem como cenário o quotidiano de um cidadão que vagueia pelas ruas e analisa ao mais ínfimo detalhe o que o rodeia. Os poemas deste autor vêm quase sempre acompanhados de três temáticas fundamentais: imagética feminina, binómio cidade/campo e questões de desigualdade social. Muitas vezes o poeta engloba estres três temas num mesmo poema (“Num bairro moderno” e “Cristalizações”).O sujeito poético demonstra a sua opinião em relação a cada uma das temáticas. Em relação ao binómio cidade/campo, mostra a cidade como um local de agitação, de progresso, mas também de opressão social, de melancolia, de doença, de morbidez e de aprisionamento. Já o campo é descrito como um local de refúgio, de saúde, de fertilidade e vitalidade. Em relação à questão social, o sujeito poético demonstra preocupação e revolta com a opressão, o abandono e a humilhação dos desfavorecidos. Por último o “eu “ poético das obras de Cesário Verde aprecia muito a imagética feminina, sendo a figura da mulher citadina associada a fatalidade, tristeza, frieza e distância, ignorando o sujeito poético (“Deslumbramentos”) e a figura da mulher campestre descrita como uma mulher simples e angelical (“Nós”).
      Deste modo, ao iniciarmos o estudo de Cesário Verde, podemos evidenciar alguns dos temas em que as suas obras se baseiam e o estilo realista e impressionista que o autor confere aos seus poemas.


      João Campos 12ºB Nº17

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    1. Cesário Verde dá-nos uma poesia muito à volta do realismo, do impressionismo e do surrealismo “avant la lettre”. Vemos nela a sinestesia, a imaginação, o sonho e a fantasia. Era um poeta muito inovador. Nos seus poemas Cesário Verde dava prioridade ao mundo exterior e aos factos quotidianos.
      A partir do estudo dos poemas de Cesário Verde, estas são as minha primeiras impressões acerca da sua poesia.

      Mariana 12ºD nº10

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    1. A minha primeira impressão de Cesário Verde foi a de que ele constrói os seus poemas pela imagem e pela narrativa das ações e personagens e não pelos sentimentos destas últimas.
      Cesário Verde descreve a sua realidade sem enganar o leitor ou transportá-lo para um lugar mais belo. Com a sua maneira inovadora de escrever, antecipa uma nova arte, sendo só mais tarde reconhecido pela sua coragem, inovação, criatividade e génio.

      Rita Ferreira 12º D nº15

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    1. Cesário Verde é único na forma como escreve. A sua poesia aborda assuntos que não era suposto serem poéticos e torna-os únicos.
      A forma de descrever tudo até ao mais ínfimo pormenor, dá-nos uma visão diferente: é como se, em vez de um poema, estivéssemos a ler uma narrativa. Faz com que nós, leitores, nos envolvamos mais e mais …
      Finalmente, sem muito mais para dizer, posso concluir que não foi uma má primeira impressão.

      Ana Sofia 12ºB

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    1. Cesário Verde utiliza a poesia como forma de retrato, representando o mundo à sua volta de forma realista, em vez de utilizá-la como meio de escape à realidade em que vivia, escrevendo sobre fantasias e mundos imaginários, como os seus contemporâneos faziam.
      A sua escrita inovadora torna-o, assim, um pouco ostracizado e menosprezado no mundo literário.
      Um século depois da sua morte, Cesário Verde vê a sua arte, apesar de escassa em quantidade, reconhecida e a sua coragem, criatividade e inovação admiradas.

      Raquel Ferreira 12ºD nº13

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    1. Cesário Verde é um poeta que se expressa de forma natural, sem aquele sentido lírico que enfatiza as emoções, a dor e a paixão.
      Em cada verso que lemos, o sujeito poético descreve-nos o que lhe desperta atenção, o ambiente, as pessoas, a Natureza, como se nos desse a liberdade para ver pelos seus olhos e observar os seus pensamentos.

      Nadine Gonçalves Nº 11 12ºD

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    1. Apesar de ainda verde na poesia de Cesário Verde, este parece-me um poeta interessantíssimo, na medida em que, quando o autor nos fala, na minha opinião, fala como se estivesse a deambular pelas ruas, apontando todos os pormenores/características de situações do quotidiano , que, a uma pessoa comum, sem a visão crítica e construtiva do autor, passariam completamente ' ao lado '. O poeta parece depois passar estas anotações para o papel, utilizando uma métrica e rima constantes, de maneira a criar uma poesia muito interessante. O deambular e o seu sentido de repórter (como referido na aula) são por enquanto o cunho do autor, pois é aí que ele difere de todos os outros (mesmo sendo depois seguido por muitos, incluindo Fernando Pessoa).
      Estou a gostar bastante da poesia de Cesário Verde, por pegar no aparentemente simples/sem interesse e torná-lo em algo complexo e como que 'sinestesiado' pelo despertar de sentido que provoca.

      Guilherme Aguiar nº20 12ºB

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    1. Sobre Cesário Verde, temos uma primeira impressão inovadora e até “refrescante” da poesia, vemos o lado prático da vida, cenas de género de uma Lisboa do século XIX. Mas, apesar desta visão atualizada da sociedade do seu tempo, podemos ainda notar aspetos que ultrapassaram até os escritores da sua época, uma maneira de escrever ao estilo surrealista, “avant la lettre”, cheia de sonho e fantasia, onde o inconsciente toma conta das palavras.
      Infelizmente, vemos um autor que não foi reconhecido à luz de um século dominado pelo realismo e por autores de maior estatuto como Eça de Queirós. Viveu, ainda assim, 31 anos na sombra dos seus “superiores” e morre de uma doença fatal, a tuberculose. Esta espécie de “espada” sobre a sua cabeça reflete-se nos seus poemas, com o caráter um pouco sombrio de uma luta constante entre a vida e a morte.
      Deixa-nos um trabalho muito reduzido, nunca publicado em livro enquanto vivo, mas que foi devidamente reconhecido após a sua morte prematura.

      Cláudia Duarte, nº6, 12ºD

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    1. A minha primeira impressão quanto à poesia de Cesário foi a de que ele nos falava sobre a vida do quotidiano, mas de uma forma realista e impressionista. Conseguia transmitir as sensações, os sentimentos, criando assim um pensamento “real”, pelo qual poderíamos tentar sentir, ouvir e cheirar o que Cesário nos apresentava. Ele faz- nos crer no que escreve, podendo utilizar a imaginação como auxílio. Estas características são as mais demonstradas pelo poeta nos seus poemas, características estas que são as de um poeta realista e impressionista, que usava a imaginação para criar algo de novo.

      André Mota, 12ºD

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    1. Com a análise de alguns poemas de Cesário Verde, pude já verificar que possui um estilo literário muito próprio.
      Antes de mais, parece-me deveras interessante a fusão do realismo com o impressionismo, que podemos apreciar nas suas obras.
      Outro aspeto que considero bastante apelativo nos poemas de Cesário Verde é a descrição minuciosa que apresenta de tudo aquilo que observa ao seu redor, pois, desta forma, os seus poemas tornam-se autênticas representações da realidade, o que nos permite construir um cenário mental da ação do poema.
      Assim, considero muito interessante a forma como Cesário capta todos os pormenores da vida quotidiana, apresentando-os nas suas obras de maneira clara, concisa e concreta, podendo, desta forma, transmitir ao leitor perceções sensoriais e uma visão mais objetiva do mundo.

      Ana Rita Gonçalves Nº3 12ºB

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    1. Cesário Verde é um interessante poeta, cheio de alma e sentimento que descreve profundamente o que vê e sente, mas sem excessos líricos.
      É um homem na sua época bastante criticado por todos, mas que hoje, para muitos de nós, é uma referência.
      A morte desperta o interesse pelo artista. De facto, vários anos depois da sua morte foi reconhecido o seu talento. Pode dizer-se que foi tarde? Claro que não, como alguns velhos ditados dizem, “mais vale tarde do que nunca” “e tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
      Cesário, no seu jeito bastante intelectual, profundo e muito emotivo, cria poemas que nos permitem dizer que antigamente já era o futuro…

      Paulo Pinto 12ºB Nº27

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    1. Após a análise do poema “Num Bairro Moderno” e da primeira parte de “O Sentimento dum Ocidental”, posso verificar a estética realista, impressionista e surrealista (ainda que esta seja considerada "avant la lettre") do poeta Cesário Verde.
      A posição realista, como se se tomasse um papel de repórter, estreitamente relacionada com a deambulação, está explícita em todos os momentos de descrição minuciosa e, ao mesmo tempo, objetiva do espaço em redor.
      É importante que o leitor fique conhecedor das realidades, por muito que o choquem ou não, tomando consciência do dia-a-dia de cada classe e das desigualdades sociais.
      Relativamente à estética impressionista, Cesário capta texturas, cores e formas (impressões do que está em volta), procurando despertar-nos as mais variadas sensações, através de figuras de estilo que as evidenciem.
      Não há a simples procura da expressão de sentimentos, na generalidade da sua poesia, mas sim da “transmissão” de sensações. Contudo, nestes poemas já aparecem exceções à regra: em “Num Bairro Moderno” o sujeito poético ressalva que, apesar da condição de vida da regateira, a sua alegria e vitalidade agradam-lhe. Já em “O Sentimento de um Ocidental” (Ave-Marias), ao anoitecer a “soturnidade” e “melancolia” das ruas, entre outros aspetos, despertam-lhe “(…) um desejo absurdo de sofrer.”
      No que se refere ao lado “surrealista”, isto é, ao exercício da imaginação, é especialmente notório no primeiro poema analisado, em que a luz do sol, ao incidir sobre as frutas e legumes da giga da regateira, despoletam no sujeito poético um delírio, um devaneio, onde todos aqueles elementos se metamorfoseiam em corpos humanos. Um segundo exemplo será a visão da criança da janela azul que, com o ralo do regador, peneira ou borrifa estrelas, ao invés de água.
      Na minha opinião, a tenra idade de Cesário Verde não o impediu de inovar/revolucionar a poesia, apesar de muito criticado na sua época, sendo avaliado preferencialmente mais em função da sua idade do que pela qualidade dos seus poemas. Penso que nos devemos questionar: se a poesia é considerada o melhor género literário para expressar sentimentos, Cesário não a terá tornado ainda mais nobre ao, a partir dela, demonstrar as nossas realidades?

      Tânia Leitão
      12ºB

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  22. Cesário Verde, para quem não tem o gosto da poesia- ou, talvez, nunca lhe tenha dado uma oportunidade- é um excelente poeta para começar. Não estou acostumado ao mundo das letras, mas ao mundo das imagens. Cinema, mais propriamente. Porém, Cesário Verde conquistou-me, porque, de certa forma, todas as suas descrições, pormenores e, mais importante, impressões sensoriais conseguem transportar-me para o cinema, de que eu tanto gosto. O autor é muito atento, quase que viciado no que o rodeia e utiliza todos os sentidos para nos transmitir a ideia que ele próprio está a experienciar. É certo que no cinema não temos a perceção do olfato e do tato, no entanto, o grau de pormenor que ele utiliza é mais do que suficiente para aproximar o papel da tela. A meu ver, é mesmo esse o objetivo do poeta: criar imagens mentais do que ele está a ver e de como está a ver. Esta é a minha opinião, com base num único poema. Futuramente irá talvez mudar, mas o meu gosto por Cesário Verde nunca irá parar.

    Bruno Campos 12º B nº8 (23 setembro 2013)

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  23. A primeira impressão que tive, à medida que descobríamos o mundo da poesia descritiva de Cesário Verde, foi de total desconforto: ora lia palavras das quais não sabia o significado, ora me sentia desconfortável naquela estranha transformação que os legumes e frutas pareciam sofrer. Porém, era também esse desconforto que me fazia” invadir” cada vez mais o poema, levada pela curiosidade.
    O facto de o sujeito poético abordar assuntos do quotidiano e também o fator da deambulação dão uma "vantagem" inesperada ao poema. É algo de diferente, mas que representa aquilo com que muitas vezes nos deparamos, escrito de uma forma única e apelativa.
    Sendo assim, posso dizer que realmente o poema me conseguiu cativar e dar vontade de estudar os restantes textos. Ao que parece, Cesário sempre foi mais 'Cesário' que 'Verde'...

    Patrícia Gonçalves, nº 26, 12ºB (24 setembro 2013)

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  24. Ao estudar a poesia de Cesário Verde, é notório que este introduz nos seus versos temas considerados inestéticos, como o vulgar, o feio, a realidade banal e quotidiana. Através da análise do poema «Num Bairro Moderno» e da primeira parte de «O Sentimento dum Ocidental», foi possível notar que, para Cesário Verde, é imprescindível a presença da figura feminina e que ele apresenta uma forte relação com a cidade e com todos os elementos relacionados com esta. O poeta exprime uma visão muito impressionista, fazendo o cruzamento de várias sensações através de inúmeros recursos de estilo. No entanto, ele não se restringe apenas a isso, faz um cruzamento entre planos completamente diferentes e opostos: o que é visualizado e a memória, o que é real e o imaginário.

    Joana Moreira, nº16,12ºB (29 setembro 2013)

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  25. Ao ler algumas das obras de poesia de Cesário Verde, pude perceber um estilo lírico diferente dos que alguma vez tinha lido. Talvez pelo toque impressionista e também realista que se unem ao longo da poesia ou pela forma como o sujeito poético analisa o mundo exterior à sua volta e como o descreve. Posso também dizer que a sua poesia é por vezes tenebrosa, quando ele se refere à morte ou pelo modo como fala de certos acontecimentos e pessoas ao longo do poema; mas tem também o seu lado “vivo”, quando o sujeito poético valoriza certos indivíduos, nomeadamente nos seus retratos de mulheres. Vários tipos de sentimentos afloram enquanto lemos os seus trabalhos poéticos, o que os torna cativantes.

    Carla Pereira, 12º B (29 setembro 2013)

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  26. Cesário Verde é um poeta com um enorme poder descritivo. Tem uma grande capacidade de, por palavras, descrever até ao mais ínfimo pormenor um objeto, momento, situação ou lugar real, conseguindo, com um pouco de esforço e mente aberta por parte do leitor, transportá-lo para o momento descrito.

    Ricardo Mota (12ºD)



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  27. Cesário Verde é um poeta muito diferente daquilo a que estava habituada. O seu estilo realista e impressionista cativa, profundamente, os leitores dos seus poemas. Tendo em conta as suas descrições muito pormenorizadas e complexas, quase que conseguimos “ver” através das imensas palavras, viajar pelos sítios por onde deambula, por todas as ruas que percorre. As suas extensas descrições levam-nos a crer na ambiguidade das coisas, como, por exemplo, a regateira que, simultaneamente, simboliza a morte e a vida. Cesário Verde consegue, pois, cativar todos os seus leitores pelas suas complexas mas, no entanto, fáceis descrições.

    Joana Pereira, 12ºB (30/09/2013)

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  28. Demorei a escrever este comentário, porque até há bem pouco tempo não sabia o que sentir da poesia de Cesário Verde. Afinal de contas, é em grande parte diferente de toda a poesia que estou acostumada a ler, mais focada no plano emocional e sentimental. Cesário Verde escreve e descreve tudo de uma forma diferente daquilo a que estava habituada, até agora. Ora, após algumas aulas a estudar a sua poesia, posso finalmente afirmar que começo a compreender os seus pontos de vista. Agrada-me que escreva sobre o que poucos usam como inspiração: o quotidiano, a cidade e o campo. Agradam-me as suas descrições cruas e duras da doença e das pessoas com quem se vai cruzando durante as suas deambulações pela cidade. E, principalmente, agrada-me o jeito como retrata o seu mundo, ambíguo e, por vezes, até contraditório, sem floreados, dando a conhecer ao leitor a realidade exata de uma forma que só um poeta-repórter conseguiria. Sem dúvida um poeta para continuar a ler e a "estudar".

    Catarina Lobão (12ºB)

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  30. As primeiras impressões da poesia de Cesário Verde são únicas. É surpreendente como o autor enriquece tanto as suas estrofes, contando tudo até ao pormenor, deambulando pela cidade e escrevendo sobre tudo o que o rodeia. O poeta consegue captar toda a minha atenção, fazendo-me quase que reviver tudo aquilo que conta, toda aquela vida quotidiana, todos os pequenos detalhes. Por outro lado, Cesário revela também um lado um pouco surrealista, faz-nos penetrar num mundo à parte do real, uma espécie de sonho imaginário. O poeta liberta-se do mundo real e "acorda" então num mundo onde se liberta das exigências da razão e do concreto e apenas se guia pelo abstrato. Globalmente, estou a gostar de analisar a poesia de Cesário Verde, pelas suas características tão diferentes e singulares.

    Ana Inês Martins, 12ºB

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  31. A poesia de Cesário Verde é, na minha opinião, contraditória em si mesma. Ele menciona o campo e a cidade como dois universos diferentes. A distinção que nos faz entre a vida e a morte é notável, com a utilização de recursos expressivos marcantes. A sua visão realista e objetiva é uma das características que, para mim, é mais definidora de Cesário Verde, e a forma como o poeta utiliza os poemas para se exprimir, tanto a nível psicológico (na sensação de fuga) como físico (nas doenças), é bastante interessante e criativa.

    Ana Luísa La Féria , 12ºD

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  33. Cesário Verde mostra ser um poeta inovador, realista, impressionista e até “surrealista”, algo muito à frente da época em que viveu.
    No poema “Num Bairro Moderno”, Cesário Verde descreve minuciosamente o real, o lugar e as personagens, salientando-se o facto de descrever estas últimas com consciência das desigualdades sociais (temos o exemplo da regateira). Cesário consegue transmitir ao leitor as emoções e sensações vividas. O poeta executa, ao longo do poema, vários exercícios de imaginação, como, por exemplo, quando nos dá a oposição cidade/campo e vida/morte.
    Com a análise que fiz, posso concluir que as obras de Cesário Verde são muito diferentes daquelas que estamos habituados a analisar. O autor, na minha opinião, tem um enorme poder de imaginação e esse foi o facto que me cativou mais. Para quem não se interessa por este tipo de obras, recomendo que leia Cesário Verde, pois oferece ao leitor algo de espetacular, que poderá conseguir demover até os mais céticos em relação à poesia.

    Raquel Fernandes, Nº29, 12ºB (7/10/2013)

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