terça-feira, 5 de abril de 2011

Anteu





A Terra ou a Luta de Hércules e Anteu, de Auguste Couder (1819)


Têm falado do mítico e velho Anteu a propósito da minha obra. Não sei se estou preparado para os combates difíceis em que se envolveu, até (grande imprudência) com o hercúleo... Hércules. É melhor conferir o B. I. (estou muito actualizado...) deste nosso amigo:

De acordo com a mitologia, Anteu, filho da Gea (Terra) e de Posídon, era um gigante muito possante, que vivia na região de Marrocos, e que era invencível enquanto estivesse em contacto com a mãe-terra. Desafiava todos os recém-chegados em luta até à morte. Vencidos e mortos, os seus cadáveres passavam a ornar o templo do deus do mar, Posídon. Hércules, de passagem pela Líbia, entrou em combate contra Anteu e, descobrindo o segredo da sua invencibilidade, conseguiu esmagá-lo, mantendo-o no ar.

mito de Anteu. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-04-02].

E vocês, que acham ? Que tem Anteu a ver com a minha poesia, em quem também muita gente encontrou uma espécie de luta entre a vida e a morte?





Proposta de trabalho (deixar comentário):

A proposta é a de que respondas, simplesmente, ao desafio do poeta, tomando como ponto de partida o estudo feito na aula.




9 comentários:

  1. Existe uma propositada ironia no mito de Anteu. Num combate corpo a corpo, por norma, o objectivo é atirar o adversário ao chão, mantê-lo o mais perto possível da vulnerabilidade. Neste caso, a vulnerabilidade do gigante Anteu era precisamente o inverso, o que gera nesta história um paradoxo, indo contra a ordem natural das coisas. Mas, pensando bem, a mitologia gira toda à volta desse género de ilusões das quais podemos retirar morais ou encontrar analogias para situações quotidianas. No entanto, não é com este aspecto que a poesia do nosso Cesário Verde se relaciona, mas sim com a necessidade de o poeta sair á rua, não somente para ver e relatar, mas principalmente como uma maneira de se sentir mais vivo, ou menos adoentado, o que se observa de modo tão persistente ao longo dos seus poemas. Cesário era um homem doente, como ficámos a saber nos últimos dois poemas, no entanto não se deixou levar pela doença, procurando sempre aquilo que não tinha no reflexo da imagem dos outros, ou seja, saúde e força. Como Anteu, podia dizer-se que o poeta tinha um recurso, uma fonte de energia e vitalidade: a vida, as cores, o calor e o movimento que via à sua volta, pela cidade, pelo bairro e pelas ruas. Todos nós temos um refúgio do género, onde nos podemos recolher e sentir, no sentido mais profundo da palavra.

    Pepe, nº9 11ºA

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  3. O mito de Anteu permite uma boa comparação com a poesia de Cesário Verde. No seu mito, Anteu só possui uma enorme vitalidade e força quando está em contacto com a Mãe-Natureza e quando se afasta dela torna-se frágil e fraco. A poesia de Cesário Verde também vai nesse tom.
    Este aspeto está bem evidente quando nos poemas se realça que a cidade constitui um ambiente doentio, mortífero, que transmite ao sujeito poético um sentimento de clausura e sufoco, em oposição ao campo, que na poesia de Cesário funciona como um elemento eufórico, que transmite ao sujeito poético uma imagem de saúde, de lucro, de energia, vitalidade e esforço.
    No poema "Nós" é até possível observar uma situação quase idêntica à de Anteu. A família do sujeito poético foge para o campo, para escapar da doença que alastrava na cidade, e lá vive uma vida feliz e saudável. Mal regressa à cidade, um elemento da família contrai tuberculose e morre. É um exemplo de uma pessoa que, quando em contacto com a Mãe-Natureza, era enérgica e saudável e que, quando sai desse ambiente, é logo assombrada pelas fragilidades humanas.

    João Stuart, nº18 12ºB (30/09/2013)

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  5. Da mesma maneira que Anteu ganhava força quando estava com a sua mãe (Terra), Cesário Verde parece ficar mais forte quando sai da cidade (por exemplo, devido à epidemia que a assolava, no poema “Nós”) para um espaço de euforia/liberdade, como o campo. Este parece ser um espaço de reabilitação, não só para ele como para a sua família, um lugar de vida, um pouco por oposição à cidade que está infestada de morte, cheia de vícios, consumida pela indústria e pelo avanço tecnológico/civilizacional desenfreado. É,assim, no campo que Cesário encontra o conforto que procurava, considerando, na minha opinião, que ele lhe dá uma nova vida. Já quando volta à cidade, quando a epidemia acalma, o sujeito sai como que da sua "Terra", perdendo forças e vida. Tudo piora com a morte do irmão, o que o leva a refletir que a morte é a maior das frustrações, o "muro medonho" de que ninguém pode escapar. Esta constatação leva-o a refletir novamente sobre a sua vida, desprezando até os seus "amados versos".

    Guilherme Aguiar, 12º B

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  8. Comparando o mito de Anteu com a poesia de Cesário Verde, é possível encontrar uma espécie de inspiração vital de que ambos necessitam, Anteu para conseguir força e Cesário Verde para alcançar uma boa poesia. Anteu necessita da Mãe-Terra, esta torna-o invencível, dando-lhe energia. Na mesma situação se encontra Cesário Verde, que com o contacto com o campo consegue uma melhor inspiração para a sua poesia muito descritiva. Como é referido no poema "Nós", o sujeito poético fugiu para o campo devido às epidemias e maus ares na cidade. Conseguimos compreender que a poesia de Cesário Verde foi afetada pela inspiração do campo, duma maneira muito positiva, saudável, longe de epidemias.

    José Vieira Nº19 12ºB (7/10/2013)

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  9. Tal como Anteu, Cesário Verde vai buscar inspiração para os seus poemas à força e à vitalidade transmitidas pela terra (campo). De acordo com a mitologia Grega, Anteu (filho de Posídon e Gaia) possuía uma tremenda força sempre que estava em contacto com o solo, mas, quando era erguido, perdia todo o seu poder, ficando exposto e vulnerável, tendo sido deste modo que Hércules, seu adversário de combate, o derrotou.
    Esta lenda relaciona-se com a poesia de Cesário Verde, uma vez que este autor também vai buscar ao campo e à terra imagens de força, pureza e saúde. Por outro lado, à medida que as pessoas se vão afastando do campo para a cidade, as suas forças e resistências vão diminuindo, ficando débeis, perdendo todo o vigor e firmeza que outrora tiveram no campo. No poema “Nós”, de Cesário Verde, é possível observar os danos que o afastamento do campo pode provocar, no momento em que o sujeito poético relata a doença e morte do seu irmão, causada pelo retorno da família do campo para a cidade. Tal como o irmão do sujeito poético, Anteu, quando afastado da força e vitalidade transmitida pela terra, ficou exposto e vulnerável, tanto que essa circunstância levou à sua morte:

    “ Tínhamos nós voltado à capital maldita,
    Eu vinha de polir isto tranquilamente,
    Quando nos sucedeu uma cruel desdita,
    Pois um de nós caiu, de súbito, doente.


    Uma tuberculose abria-lhe cavernas!
    Dá-me rebate ainda o seu tossir profundo!
    E eu sempre lembrarei, triste, as palavras ternas,
    Com que se despediu de todos e do mundo!

    Pobre rapaz robusto e cheio de futuro!
    Não sei dum infortúnio imenso como o seu!
    Vi o seu fim chegar como um medonho muro,
    E, sem querer, aflito e atónito, morreu! “

    em “Nós”

    João Campos Nº17 12B (12/10/2013)

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